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Enraizados na Dança, Prontos para o Futuro: A So Dope Dance Academy de Soweto

Soweto, o lendário município de Joanesburgo, é uma cidade dentro de outra cidade. Criado durante a era do apartheid, Soweto sempre teve um papel importante na história da África do Sul. A cidade é um berço da criatividade negra, e grande parte da cultura popular que associamos ao país vem de lá. Da música—Kwaito, Amapiano—à dança—Pantsula, Sbhujwa, etc.—Soweto gerou tudo isso e continua sendo uma grande influência na formação da cultura sul-africana.. 


Tive o privilégio de dar uma aula de Kuduro para os jovens talentos brilhantes da So Dope Dance Academy. A aula aconteceu no centro comunitário da Nike em Soweto, Joanesburgo, África do Sul. O foco da minha aula foi apresentar aos alunos os movimentos do Kuduro. Eu estava confiante de que o estilo iria ressoar com eles, pois muitos movimentos angolanos são semelhantes aos sul-africanos. E, como esperado, os alunos estavam engajados, ávidos para aprender e rapidamente dominaram os passos e a coreografia de Kuduro. 


Olhando ao redor da sala, vi apenas um futuro brilhante. Através da dança, esses jovens estavam engajados com sua comunidade, aprendendo juntos, se desafiando e desenvolvendo habilidades vitais que os acompanharão por toda a vida adulta. Os sorrisos largos em seus rostos mostravam o quanto a dança os tocava profundamente e os fazia felizes. Mas o que mais me impressionou foi o quão destemidos e abertos eles foram para aprender algo novo. Eles não encararam a aula com receio ou preocupação. Em vez disso, mergulharam de cabeça, se desafiando, trabalhando em equipe e perguntando quando não entendiam algo. Trabalharam entre si para treinar e melhorar a execução, e fizeram muitas perguntas. Estando à frente da sala, senti orgulho, reconhecendo que essas são qualidades fundamentais para uma vida bem-sucedida — e, através da dança, esses jovens brilhantes de Soweto já as possuíam. 


Conversei com Tarryn Alberts, diretora da So Dope Dance Academy, para entender melhor o trabalho da academia.


AFROCONEX: Tarryn, obrigado pelo convite para dar uma aula na sua academia. Os alunos são incríveis, e quero te parabenizar pelo trabalho que você está realizando com eles. Conte-nos sobre você. De onde você é e qual o papel da dança na sua vida?

TARRYN:  Meu nome é Tarryn Alberts, também conhecida como Coach TNT, e estou animada por compartilhar minha história com você. Sou de Eldorado Park, África do Sul, e a dança tem sido uma grande parte da minha vida desde a infância. Quando criança, fiquei fascinada pela energia e criatividade dos estilos de dança sul-africanos e soube que queria compartilhar essa paixão com outras pessoas. Sou dançarina profissional desde os 17 anos e, depois de participar de 6 turnês mundiais, decidi voltar para minha comunidade e fundar uma academia de dança em 2018.



AFROCONEX: Fale mais sobre a So Dope Academy. Quando e por que ela foi criada? Qual é a missão? Quantos alunos têm? Qual é a faixa etária dos estudantes?

TARRYN: A So Dope Dance Academy foi criada para oferecer uma plataforma onde jovens dançarinos possam aprender, crescer e se expressar através da dança. Nossa missão é capacitar os alunos com habilidades, confiança e criatividade para terem sucesso na indústria da dança e além dela. Atualmente temos 80 alunos na academia, com idades entre 6 e 25 anos. Nosso objetivo é atender jovens de comunidades marginalizadas que enfrentam desafios como violência, armas e gangues, e empoderá-los através da dança, da meditação e do desenvolvimento de habilidades para a vida.


AFROCONEX: Conte-nos sobre algumas conquistas da academia.

TARRYN: Estamos muito orgulhosos de várias conquistas, incluindo a participação em competições de dança de prestígio como a Global Dance Supreme, onde obtivemos excelentes colocações. Nossos alunos também participaram de campanhas globais como a do 40º aniversário do Nike Air Force 1, Own The Floor, e a campanha jovem do Standard Bank, que ajudaram a fortalecer sua confiança e presença de palco.


AFROCONEX:  A África do Sul é o lar de muitos estilos de dança urbana: Kwaito, Pantsula, Bhujwa, e agora a nova febre, o Amapiano. Qual o papel desses estilos no treinamento dos estudantes? Vocês também incluem estilos de fora da África do Sul, como Kuduro ou estilos norte-americanos como hip hop e jazz?

TARRYN: Os estilos de dança nativos têm um papel fundamental no treinamento dos nossos alunos. Incorporamos estilos como Pantsula, Amapiano, Sbujwa e Bacardi no nosso currículo, pois são uma parte essencial da cultura de dança sul-africana. Também exploramos outros estilos africanos como Afro, dança tradicional Zulu e Afro Contemporâneo, mas nosso foco principal é desenvolver as habilidades técnicas e a versatilidade dos alunos.


AFROCONEX:  Sabemos do poder de atividades extracurriculares como a dança, que ajudam a formar estudantes completos. Sabemos que a dança ensina disciplina, mas também vi muitas outras qualidades nos seus alunos: trabalho em equipe, curiosidade, coragem, força. Todas são habilidades fundamentais para a vida adulta. Como você trabalha essas questões com os estudantes? Vocês desenvolvem essas habilidades conscientemente como parte da formação?

TARRYN: Com os nossos alunos, enfatizamos a importância da disciplina, do trabalho em equipe e da criatividade. Encorajamos que sejam curiosos, destemidos e abertos, pois essas qualidades serão valiosas no futuro deles. Temos conversas abertas sobre suas metas e sonhos, e trabalhamos essas habilidades como parte do treino. Também integramos a meditação nas aulas de dança para ajudar alunos que sofrem de ansiedade antes das apresentações ou mesmo em seu dia a dia.


AFROCONEX:  Soweto tem uma história muito rica e boa parte do que conhecemos sobre ela vem do período do apartheid. Hoje, Soweto é sinônimo de cultura urbana sul-africana, especialmente no que diz respeito à música e à dança. Quais são os principais desafios que os estudantes enfrentam vindo de Soweto?

TARRYN: Como estudantes de Soweto, nossos dançarinos enfrentam desafios únicos, incluindo recursos limitados e poucas oportunidades. Mas estamos comprometidos em oferecer o apoio e a orientação de que precisam para ter sucesso. Em termos de oportunidades na dança, estamos criando caminhos para que possam seguir carreira, seja como intérpretes, coreógrafos ou professores.


AFROCONEX: Todos temos sonhos e aspirações. Pode compartilhar conosco os seus para o grupo?

TARRYN: Meu sonho é que a So Dope Dance Academy se torne uma franquia de dança na África do Sul, oferecendo oportunidades para que jovens desenvolvam seus talentos e sigam suas paixões. Quero ver nossos alunos alcançando o sucesso na indústria da dança e além, usando seus talentos para gerar impacto positivo em suas comunidades — especialmente retribuindo.


AFROCONEX: Quais são os principais desafios para manter a academia em funcionamento? Como vocês sustentam o programa e que tipo de apoio seria necessário?

TARRYN: Dirigir a academia tem seus desafios, especialmente em relação ao financiamento e aos recursos. Contamos com o apoio de patrocinadores, doadores e voluntários para manter o programa. Somos muito gratos por qualquer apoio que possamos receber para continuar oferecendo oportunidades aos nossos alunos.


Algumas fotos do encontro com a So Dope em Soweto.



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